BASE - Rock nacional

Lançamento do Acústico BASE com re-interpretações e músicas inéditas

A banda BASE de Brasília lança o seu mais novo disco acústico com participações especiais de Pablo Fagundes (gaita), Tom Suassuna (violino) e Paulo Chaves (Backings). A produção musical é de Guilherme Negrão, e o disco foi gravado no Refinária Estúdio em Brasília (Julho/22)

Escute o disco


O rock nacional da banda BASE

Release

Rock' n'roll com muito a dizer 

Por Ulisses Nascimento

"Quanta gente por aí que fala, fala e não diz nada...". Os versos, emprestados de Tom Jobim, compositor de um outro gênero, a Bossa Nova, apontam para o inverso do que motiva a Banda Base: ter muito a dizer. 

Rock nacional de conteúdo. É isso que se ouve no EP "A vida é um jogo", lançado na última semana de outubro e já disponível no Youtube. A promessa é cumprida nos 18 minutos e cinco músicas do primeiro trabalho do grupo composto por Paul Hodel (vocal),  Ian Bemolator (guitarras), Leonardo Krieger (baixo) e Fábio Krieger (bateria), nascidos em Brasília, mas, com os pés no mundo. Desde os primeiros acordes o que se tem é um convite aos bons momentos do Rock nacional no Brasil. Plebe Rude, Capital Inicial e Legião Urbana são algumas das bandas que passeiam pela memória ouvindo "A vida é um jogo", produzido por Guilherme Negrão. 

A Base foi criada oficialmente este ano, mas, os integrantes são velhos conhecidos na capital federal por outros trabalhos. Paul, Léo e Fábio gravaram dois álbuns em inglês (Silent Seasons - 2007 e Leave the future behind - 2008), com a banda "Janice Doll", criada em 2003. Em 2008, eles foram para a Inglaterra, mas, não puderam ficar no país. 

Barrados pela imigração na terra da rainha, voltaram ao Brasil na companhia do lendário produtor britânico Stuart Epps (Elton John, Oasis e Led Zeppelin são alguns dos artistas com que ele trabalhou...) para gravar Leave the future behind no estúdio de Philipe Seabra, vocalista do Plebe Rude, em Brasília.  Paul, Léo e Fábio tocaram em festivais importantes, como Rollapedra e Porão do Rock, mas, os contratempos da vida impediram que a "Janice Doll" tivesse vida longa. 

O último show foi em 2012. A jornada de cantar em inglês pode ser resumida em "Por muito tempo, bem que eu tentei, mas, o chato de acertar foi quando eu errei...", da sincera "Herói", segunda música do EP. 

"Um pequeno passo e já mudamos tudo o que imaginamos ver....." 

Em 2013, Paul, que tem cidadania francesa, foi para os EUA e depois para a Inglaterra. Três anos mais tarde, o vocalista conheceu Ian Bemolator, guitarrista da capital federal que também havia saído do Brasil e se casado com uma polonesa. Com seis músicas escritas, Paul teve a ajuda de Ian nos arranjos. 

Foram quase nove anos entre o último trabalho de Paul (Leave the future behind) e "A vida é um jogo". A produção do EP retrata bem a era da super comunicação: Paul mora em Londres, Ian está na Polônia e os irmãos Krieger, em Brasília. O jeito foi usar o Skype. 

Ian e Paul voltaram ao Brasil em junho deste ano. Com a banda completa, foram trinta dias correndo contra o tempo no estúdio Blue Records, na capital federal. 

Além do disco, o encontro resultou na gravação de dois clipes. Um presente para ver - a fotografia primorosa combinada ao céu de Brasília - e ouvir. As produções tiveram o apoio do Melia Brasil 21 - hotel que cedeu o heliponto para a gravação de A vida é um jogo - e da Terra Cap, órgão do governo de Brasília. Tanto trabalho exigiu sacrifícios. "As gravações foram uma loucura... em três dias eu dormi três horas", lembra Paul. A vida é um jogo coroa o esforço de quem não desistiu da música. 

"A ironia do destino foi passar oito anos de banda cantando em inglês tentando ir pra fora. Com uma mudança no destino, agora morando na Inglaterra e cantando em português me vejo querendo voltar pra minha querida cidade natal. Brasília é linda e serve de inspiração", conta Paul. 

"Algumas pessoas acham que o rock nacional deu uma parada no tempo, uns pensam que está tudo acabado.... eu acredito de verdade que tudo pode mudar de uma hora para outra... tudo é cíclico, a gente tem grandes ídolos que ainda nos tocam", diz o vocalista da Base, citando as inspirações de Legião Urbana e Cazuza para o rock de muito conteúdo. 

O desafio agora é a logística da turnê pelo Brasil, planejada para 2018.  

A vida é um jogo (EP) - Banda Base - 2017
Paul Hodel, Ian Bemolator, Leonardo Krieger e Fábio Krieger
Gravado no estúdio Blue Records - Brasília

Visite o canal da banda no youtube

Rock Vídeo de Herói
https://www.youtube.com/watch?v=yEf3_AaMQVc

Rock Vídeo de A vida é um jogo - Rock nacional
https://www.youtube.com/watch?v=GFQ0cfTDwqc

Disco completo - Rock nacional
https://www.youtube.com/watch?v=Fjc0_WiHXaU



Resenhas & Mídia

Rock nacional e o jogo a favor - Resenha por Denise Duarte

“A vida é um jogo”, lembram os integrantes da Base, que acaba de lançar seu primeiro trabalho, produção homônima de Guilherme Negrão: e um jogo “com a impressão de uma virada que nunca vem”, como de cara arrematam, em franca desesperança, os brasilienses Paul Hodel (vocal), Ian Bemolator (guitarras), Leonardo Krieger (baixo) e Fábio Krieger (bateria). De essência marcadamente urbana, a temática presente nas letras da recém-formada banda de rock nacional, assinadas por Paul Hodel, evoca um cenário áspero, tão contemporâneo, que ultrapassa as fronteiras do cerrado do Brasil central e se espalha em direção aos grandes centros do país e do mundo - como, aliás, acontece com os próprios integrantes, que se dividem entre Londres, a Polônia e Brasília.

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Manifesto pelo Rock nacional

Um dos aspectos mais importantes do rock nacional é seu conteúdo. E é por isso, que a época de ouro do rock foi o período dos anos 80. Foi justamente nesta época que Renato Russo, Cazuza e outros nomes fizeram história. Eles focaram em produzir um material de qualidade, investindo tempo na criação de boas letras, marcando os corações de milhões pelo Brasil. Até hoje esperamos a nova fase do rock nacional, com novas bandas de qualidade e muito conteúdo.

Foi nesta fase muito criativa, combinado com fatores políticos e de época que inspiraram e conseqüentemente renderam muitos os frutos para o rock nacional, que está eternizada no Brasil. Um fenômeno cultural similar pode ser lembrado em Seattle, com o Nirvana sendo uma das bandas que mais se destacaram. Quando se olha para isso tudo, novamente o que se vê é o conteúdo! Boas letras e arranjos sendo cuspidos na cara do público, cheia de verdades, através das vísceras, do grito e do sentimento.

Mas o que acontece no rock em geral ou no rock nacional, por onde estão as boas bandas? Porque o genero parece estar padecendo já a muito tempo?

O que acontece com a música e o rock nacional é uma questão de matemática. Sem dinheiro o rock não rola! Produtores que ainda lutam pelo gênero vivem reclamando que o público não frequenta. Os que frequentam não estão dispostos a pagar muito, ou as vezes nem estão dispostos a pagar. Mas este mesmo público ainda paga 500 reais para ir em um bom festival com as bandas famosas.

É um clico vicioso, pois ir para o um show de bandas desconhecidas já não é mais cool. E sem isso, vai faltar espaço, shows e eventos para as novas bandas terem a oportunidade de mostrar o seu trabalho. O próximo artista vai ser programador, vai ser engenheiro, médico... o sonho vai morrendo.

Compartilhar, curtir os vídeos da banda do seu amigo ajuda a fomentar, mas isso não é tudo. Vá no show, compre os discos! Pague 10 reais para ir no show das bandas locais e aproveite a oportunidade para tomar uma cerva com os amigos!